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sábado, 12 de setembro de 2015

Clato: os verdadeiros amantes desafortunados de Panem?

Eu não sabia, mas aparentemente um bocado de gente gostaria que eu postasse sobre Clato. Pra quem não sabe, Clato é nome do ship de dois personagens de Jogos Vorazes, Cato e Clove, os carreiristas do Distrito 2 dos 74º Jogos Vorazes.
Apesar da trilogia inteira ser recheada de tragédias, pra quem lê o livro e entende que há uma conexão entre Cato e Clove, explicitada principalmente no momento da morte dela, uma das primeiras tragédias (depois da morte da Rue) está logo aí, porque desde quando Katniss e Peeta são escolhidos tributos, você não confia no Peeta, você não sabe se quer que ele volte  e talvez esse sentimento vá mudando de acordo com a progressão da história, talvez não ; e então eles tem a tal mudança de regra onde os tributos do mesmo distrito poderão vencer juntos caso sobrevivam até o final. Apesar disso, você sabe que Cato e Clove estão condenados.


Então levo vocês até o filme. Odiei que no filme tenham colocado aquela coisinha entre o Cato e a Glimmer, entretanto torci para que na cena de morte da Clove eles se redimissem e nessa hora víssemos um outro lado dos Carreiristas. Vamos relembrar:

Não! Não, eu  Clove vê a pedra, cerca do tamanho de um pequeno pedaço de pão na mão de Thresh e perde a cabeça. Cato! ela chia. Cato! 
Clove!" eu ouvi a resposta de Cato, mas ele está muito longe, posso afirmar isso, para ajudá-la.
[...]
Clove! a voz de Cato está muito mais perto agora. Eu posso afirmar pela dor nela que ele a vê no chão.
[...]
Eu me reviro e meus pés mergulham na terra batida enquanto eu fujo de Thresh e Clove e do som da voz de Cato. [...] Cato se ajoelha ao lado de Clove, lança na mão, implorando para ela ficar com ele. Em um instante, ele perceberá que é fútil, ela não pode ser salva. [...] Após alguns minutos, ouço o canhão e sei que Clove morreu, que Cato ficará atrás dos rastros de um de nós. [...] Eu carrego uma flecha, mas Cato consegue jogar a lança quase tão longe quanto eu consigo atirar.



Quando eu li este trecho no livro eu simpatizei muito com eles, muito mais do que pensei que seria possível simpatizar com os supostos vilões. Foi aí, creio eu, que eu passei a perceber que eles não eram vilões. Foi aí que eu vi e passei a defendê-los também, pois eles foram treinados a vida inteira para isso, o que me deixa ainda mais revoltada com o discursinho completamente fora do personagem que colocaram pro Cato fazer. Antes de fazer esse post até olhei antes e tem pessoas com a mesma opinião que eu em relação a este discurso, haha.



Vai em frente. Atira. Aí nós dois caímos e você vence. Vai. Eu já tô morto mesmo. Eu sempre estive, né? Eu não Eu não sabia até agora. Não é isso? Não é isso que eles queriam? Hein? Não. Não não, eu ainda posso fazer isso. Eu ainda posso fazer isso. Mais uma morte. É a única coisa que eu sei fazer, 'trazer honra ao meu distrito', não que isso importe.

Gente. Sério mesmo, eles passam o filme inteiro demonizando os Carreiristas. Olha eles arranjando briga no Centro de Treinamento, olha eles rindo da Katniss  que maldade! , olha a Clove atirando facas por diversão num lagarto na floresta! Aí DE REPENTE, no ÚLTIMO MINUTO eles fazem essa volta de 180º para, por favor, simpatizem com a pobre vítima Cato. De primeira pode ter sido um bocado efetivo, mas e aí? Porque é tão problemático e fora de personagem? Vamos à análise:

Vai em frente. Atira.  Pra começar, isso já é um bocado surpreendente porque EM MOMENTO ALGUM seja do livro ou do filme o Cato demonstrou desejo de morrer, inclusive lutou até ser descrito como um irreconhecível pedaço de carne após ser estraçalhado pelos bestantes.
Aí nós dois caímos e você vence.  Sabe, essa frase não faz muito sentido pra ele dizer porque mostra um entendimento que ele não deveria ter. Ele sabe que Katniss e Peeta são do mesmo distrito e podem ir pra casa juntos, então porque diria uma coisa dessas? Dá a entender que Cato sabe mais dos sentimentos de Katniss em relação ao Peeta do que parece, e não tem motivo nenhum pra isso.
Vai. Eu já tô morto mesmo. Eu sempre estive, né? Eu não Eu não sabia até agora.  Também não faz sentido. Essa fala o torna extremamente consciente do que se passa, o que realmente não faz sentido tendo em vista o passado dele porque ele vem de um dos distritos mais ricos de Panem e o distrito mais amigo da Capital. Isso o descaracteriza, fazê-lo dizer que ele sabe que é só mais uma peça no jogo, porque ele acredita que vai ganhar, ele treinou sua vida inteira para isso, para esse momento. Algumas pessoas defendem que esse discurso faria sentido sim tendo em vista o que aconteceu com a Clove, mas isso só teria sentido SE TIVESSE A CENA NO FILME!
Não é isso? Não é isso que eles queriam? Hein?  Mais uma frase que o torna muito consciente. Não só isso, mas uma pessoa que cresceu no distrito mais feliz e seguro jamais diria uma coisa dessas sobre a Capital. Inclusive, por causa da influência da Capital, ele tem uma visão diferente sobre matar pessoas do que nós.
Não. Não não, eu ainda posso fazer isso.  Aí tem essa contradição. Há apenas alguns segundos atrás ele estava dizendo pra Katniss atirar e agora quando ela vai, ele ameaça quebrar o pescoço do Peeta, rs.
Mais uma morte. É a única coisa que eu sei fazer, 'trazer honra ao meu distrito', não que isso importe.  A conclusão, enfim. E com esse discurso o filme diz que tudo que eles nos mostraram sobre o Cato foi uma mentira, porque então de repente, do nada, ele tem uma perfeita noção do quão insignificante a Capital considera que a vida dele é. Ah, e pra finalizar, ele ainda insulta o próprio distrito. Completamente fora de personagem.
(OBS: Muito sobre esse discurso eu tirei do Tumblr! Inclusive ele está traduzido direto do inglês, então com certeza não bate com a versão dublada)

Além disso, enquanto a Clove morre, Cato se ajoelha ao lado dela. Aquele cara enorme, brutal, se ajoelha ao lado da parceira de distrito e provavelmente a segura até ela morrer. Um gesto que pode ser considerado como fraqueza aos olhos da Capital  e até mesmo aos olhos dos próprios distritos Carreiristas  mas ele o faz mesmo assim. Eu amo Everlark, é meu casal favorito pra sempre, mas pra mim, Cato e Clove foram os verdadeiros amantes desafortunados dos 74º Jogos Vorazes.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Desafio literário 2015: um livro com um número no título

Duas postagens do mesmo desafio que demorei nove meses pra começar, wow, eu devo estar mesmo me esforçando aqui (dica: eu estou!). Mais uma vez fui em um desafio bastante específico em que o primeiro título que eu pensei não foi outro a não ser...


O livro Quatro, da autora Veronica Roth faz parte do mundo da trilogia de Divergente  e é bastante oportuno que o apelido do personagem que dá nome ao livro seja justamente também qual é o número do lançamento da série. Sabe, quarto livro... E tal... Enfim. O livro aborda partes da vida do personagem antes de se tornar o tão falado Quatro, se passando antes de a personagem principal de Divergente, Tris, chegar até a Audácia. Apesar de livros como este e contos do tipo serem vistos por alguns como apenas mais uma forma das editoras ganharem dinheiro em cima dos autores e dos fãs, eu particularmente gosto muito (e queria que uma certa Suzanne Collins o fizesse também). Pelo fato dos livros serem escritos na primeira pessoa e vemos apenas o que a Tris vê, ver o lado do Quatro é muito empolgante.


Outros livros com números no título são os livros da série Dezesseis Luas  ou Beautiful Creatures ou Crônicas dos Conjuradores (apesar de ninguém realmente conhecer por esse último)  das autoras Margaret Stohl e Kami Garcia. Porém acho interessante dizer que só mesmo no Brasil (eu acho!) os livros tem os títulos com numerais que, além de serem totalmente diferentes dos originais, ainda são um baita de um spoiler. Beautiful Creatures que deveria se tornar Belas Criaturas se tornou Dezesseis Luas, Beautiful Darkness que deveria ser Bela Escuridão virou Dezessete Luas, Beautiful Chaos que é Belo Caos virou Dezoito Luas e por fim, Beautiful Redemption que era pra ser Bela Redenção acabou sendo Dezenove Luas mesmo. Ah, e tem também os spin-offs que de Dangerous Creatures e Dangerous Deception (Criaturas Perigosas e Engano Perigoso, respectivamente) viraram Sirena e Incubus simplesmente. Ok, eu sei que os livros são sobre uma Sirena e um Incubus (1/4 Incubus, para ser precisa), mas...? Sabe? Bom, é preciso amar as traduções de títulos brasileiros, de livros e filmes também!
Acabei falando tanto dos títulos que de nada falei da história. Bom, o protagonista é um garoto chamado Ethan que é perturbado por uns sonhos esquisitos envolvendo uma garota e, ela, um dia aparece. Essa garota, descobrimos depois, é Lena Duchannes, uma guria também que vem sendo perturbada por sérios problemas psicológicos devido aos seus poderes e a chegada próxima de seu aniversário de 16 anos (apesar dessa sinopse bosta, eu gosto dessa série!).


E por fim, livros que apresentam eu seu título números em sua forma... numérica! Eu quase não coloquei os livros do autor Laurentino Gomes porque, tecnicamente, ainda não os li todos. Alguns dias atrás postei um desafio literário daqueles que eu posto um trechinho do livro e o que estava à mão foi justamente o 1808  que eu ainda estou lendo. Apesar de ser muito interessante, não vou falar muito porque não deve ser muito a praia da galera que se aventura por aqui (isto é, se alguém além de mim passa por aqui de vez em quando). Entretanto trazem uma nova perspectiva e nos faz ver que, realmente, não aprendemos nada sobre história na escola.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Literário expresso 8

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

 Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
 Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.

Entre 1800 e 1830, o consumo de algodão pelas indústrias têxteis na região de Liverpool saltou de 5 milhões para 220 milhões de libras, um crescimento de 44 vezes em apenas três décadas.”  1808Laurentino Gomes.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Literário expresso 7

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

 Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
 Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.

Assim ele tinha mergulhado no mar e fugido.”  Percy Jackson e os Deuses GregosRick Riordan.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Desafio Literário 2015

Alguns dias atrás me deparei com um desafio literário no Tumblr e gostei bastante. Eu sempre gosto desses "desafios", mas esse em questão vai durar bem mais do que um mês e eu não vou fazê-lo todos os dias, como os outros que fiz. Esse desafio estará ativo durante o ano inteiro e eu realmente espero que eu consiga completá-lo.

Tendo em vista que o original é em inglês, obviamente vou traduzi-lo. Uma outra coisa que é interessante apontar é que não vou numerar os tópicos agora, até porque não pretendo seguir uma ordem.




• Um livro com mais de 500 páginas;
• Um romance clássico;
• Um livro que se tornou filme;
• Um livro publicado este ano;
• Um livro com um número no título;
• Um livro escrito por alguém abaixo dos 30 anos de idade;
• Um livro com personagens não-humanos;
• Um livro engraçado;
• Um livro escrito por uma mulher;
• Um livro de mistério ou thriller;
• Um livro cujo título é uma palavra só;
• Um livro de pequenos contos;
• Um livro que se passa num país diferente;
• Um livro de não-ficção;
• O primeiro livro de um autor popular;
• Um livro de um autor que você ama, mas que ainda não leu;
• Um livro que um amigo recomendou;
• Um livro ganhador do prêmio Pulitzer;
• Um livro baseado numa história real;
• Um livro que está por último na sua lista;
• Um livro que sua mãe ama;
• Um livro que te assusta;
• Um livro com mais de 100 anos de idade;
• Um livro que leu por causa da capa;
• Um livro que deveria ter lido na escola, mas não leu;
• Uma memória;
• Um livro que consegue terminar em um dia;
• Um livro com antônimos no título;
• Um livro que se passa num lugar que você sempre quis visitar;
• Um livro que saiu no ano que você nasceu;
• Um livro com reviews ruins;
• Uma trilogia;
• Um livro da sua infância;
• Um livro com um triângulo amoroso;
• Um livro que se passa no futuro;
• Um livro que se passa no ensino médio;
• Um livro com uma cor como título;
• Um livro que te fez chorar;
• Um livro com magia;
• Uma história em quadrinhos;
• Um livro de um autor que você nunca leu antes;
• Um livro que você tem, mas nunca leu;
• Um livro que se passa na sua cidade natal;
• Um livro que foi escrito originalmente numa língua estrangeira;
• Um livro que se passa no Natal;
• Um livro escrito por um autor com as mesmas iniciais que você;
• Uma peça;
• Um livro banido;
• Um livro baseado em uma ou que foi transformado em uma série de TV;
• Um livro que você começou, mas nunca terminou.

Bom, são 51 desafios, por assim dizer. Antes, pra fazer esse desafio, eu iria usar apenas livros que eu nunca tinha lido antes, mas vendo alguns desses eu decidi que seria melhor não. Além do mais não acho que eu consiga ler cinquenta e um livros esse ano (apesar de que vou tentar), mesmo que no ano passado eu tenha conseguido ler uns quarenta. Dependendo do desafio acho também que vou citar mais de um livro que se encaixe na categoria.

Boa sorte pra mim! :3

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Literário Expresso 6

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

 Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
 Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.
 Direi à Senhora Webber o que você disse, sobre o preço de sangue, mas...”  O Cavaleiro dos Sete Reinos (A Espada Juramentada)George R. R. Martin.

sábado, 20 de setembro de 2014

Livro de criança?




"Quando as pessoas dizem que esses livros são para crianças, como se para rebaixá-los, eu fico contrariada. Esses livros lidaram com temas que adultos não compreendem completamente ou desejam compreender. Lidou com racismo, classismo, sexismo, homofobia, preconceito, e com ignorância em geral. Esses livros nos ensinaram que não importa onde você foi criado, mas que pode escolher ser bondoso, leal, corajoso e verdadeiro. Eles nos ensinaram a ser fortes sob as pressões desse mundo e nos segurarmos no que acreditamos ser certo. Esses livros me ensinaram tanto, me mudaram como pessoa. Então só porque se passam num mundo fantasioso com protagonistas jovens não significa que seu valor é menos real.


Primeiro livro: Começa com o duplo homicídio de um casal de 21 anos e deixam seu bebê um órfão de guerra. Uma criança crescendo em condições abusivas que deixaria Cinderela horrorizada. Lidando com colegas e professores que eram valentões. A inconstância da fama (do queridinho da Grifinória para um pária). A ideia de que há coisas que valem a pena lutar e morrer por, ditas pela criança protagonista. Três crianças prontas para sacrificar suas vidas, e duas delas se machucando ao fazê-lo.

Segundo livro: O equivalente ao racismo com a atitude pró-sangue puro. Trama conduzida por uma menina de onze anos sendo preparada e depois usada por garoto mais velho charmoso e bonito. O desequilíbrio de poder e abuso inerente de escravidão. Fraude perpetuada ao roubar algo muito íntimo.

Terceiro livro: O equivalente ao preconceito contra pessoas com deficiência contra um adulto decente e bondoso que é considerado menos que humano porque possui uma doença que afeta seu comportamento certas vezes. Um sistema de justiça que é o oposto de justo. Promessas de retirar uma criança de ambiente abusivo não podem sempre ser cumpridas. O inocente sofre enquanto o culpado prospera.

Quarto livro: Mais inconstância da fama. Os privilegiados maltratando e debilitando menos favorecidos porque eles podem. Um mestre punindo uma escrava por causa de seu próprio erro, e a escrava culpando a si mesma. Um torneio esportivo que envolve risco mortal sendo torcido por espectadores. Um jovem rapaz maravilhoso sendo assassinado simplesmente porque estava no caminho. Um jovem garoto sendo torturado, humilhado e quase assassinado.

Quinto livro: TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) no protagonista. Depressão severa no padrinho do protagonista, causada por problemas mentais herdados e ser forçado a ficar na casa onde sofreu abuso. Uma tirana fanática que vive para esmagar a todos com seus sapatos, torturando um adolescente por contar a verdade em nome do governo (e tentando sugar sua alma também). A descoberta que seus ídolos podem ter "pés de argila" depois de tudo. Um esforço para salvar a vida de alguém querido e precioso e na verdade acabando por custar esta mesma vida. A perda de uma figura paterna e a culpa resultante.

Sexto livro: A ideia de que uma alma pode ser quebrada sem reparos. Drogas com o potencial para resultar em estupro são mostradas conseguindo exatamente isso em pelo menos um caso, resultando em uma gravidez. Chauvinismo bem intencionado tentando controlar a vida amorosa de uma jovem mulher. Preconceito internalizado resultando em recusar aquela que você ama, não por falta de amor, mas por medo de prejudicá-la. A mortalidade daqueles que parecem poderosos e maiores do que a própria vida.

Sétimo livro: Situações ruins podem ficar piores, ao ponto onde mesmo os privilegiados acabam sofrendo e com medo. Mais preconceito internalizado e medo terror histérico de prejudicar aqueles que ama. Auto-sacrifício e a perda de entes queridos, EM TODO LUGAR. Aqueles que são amargos geralmente o são com uma razão. A necessidade de derrotar seus demônios internos, mesmo que nunca soe tão legal quanto parece. Não subestime aqueles que são escravizados. As culturas das outras pessoas não é sempre como a sua. As coisas geralmente vem como um círculo completo (guerra terminando com a morte de novos pais e seu bebê órfão indo viver com um parente de sangue de sua mãe morta ao invés de seu jovem padrinho). Mesmo com o 'tudo está bem' o mundo ainda é imperfeito, porque está cheio de nós, humanos imperfeitos.

Então... ainda acha que Harry Potter uma série para crianças sem profundidade?"

image

Fonte: Tumblr. || Tradução bosta livre.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Granada

Ontem eu assisti A Culpa É Das Estrelas pela segunda vez e preciso dizer que estou levemente fragilizada, haha. Acho interessante que eu tenha me lembrado exatamente do dia em que eu vi o livro pela primeira vez e o comprei, não fazendo ideia do que se tratava realmente. Vi a capa azul  cujo tom, diga-se de passagem, é um dos meus favoritos  e o título e achei legal. Li o que estava escrito no fundo e achei promissor. Quando cheguei em casa e comecei a ler, logo nas 20 primeiras páginas eu já estava me desmanchando em lágrimas. Basicamente chorei o livro inteiro, várias vezes de soluçar mesmo. Não é segredo que depois da morte do meu tio eu me tornei muito mais sensível em relação a morte e para com aqueles que veem alguém querido morrendo. Então realmente não é segredo algum que eu senti, e senti muito, este livro (e, eventualmente, filme). Uma coisa que eu não aguento é quando dizem é só um livro/filme! ou eu não chorei nem nada porque eu sei que não é verdade. E precisa? Pra quem passou por isso, pra quem entende, pra quem já perdeu alguém, independente de ser verdade, mentira; você sente. Você entende. E você sofre por isso.

Uma coisa que penso desde quando li o livro e todas as vezes que era mencionado é quando Hazel diz que é uma granada. Ela clama que um dia explodirá e destruirá tudo ao seu redor, então acha que é seu dever diminuir o dano o tanto quanto possível. Mas o que me vem a cabeça desde a primeira vez é: e não somos todos? Digo, não somos todos granadas? Pelo menos todos que amamos e somos amados? Pra mim, não somos exatamente granadas. Pode-se ver como se fôssemos bombas, com pavios  ou, se preferir, trilhas de pólvora  de diferentes tamanhos. Morrer não é um privilégio do câncer. Não é como se fôssemos seres imortais cuja única fraqueza, única forma de perecer é quando o corpo desenvolve a doença. Um dia todos cairemos. E como eu falei em relação a bombas e pavios, alguns tem pavios ou trilhas bem longas, outros tem mais curtas, outros as tem encurtadas. Mas o negócio é que todas estão acesas. Não nascemos e começamos a viver, nós nascemos e começamos a morrer. Pode soar muito mórbido, mas é assim... Estamos sujeitos à morte a todo momento. Esteja você doente ou não.
Somos todos bombas porque quando explodirmos machucaremos quem ficar para trás. Não há como evitar, você ferirá e será ferido. Seja fictícia ou não, fico satisfeita que, no fim, Hazel parece ter percebido isso. Até mesmo eu, que ao ler também havia me identificado com a granada  mesmo com meu tumor benigno já ter sido extraído há algum tempo (por falar nisso, dia 31 de julho completará 5 anos desde a minha cirurgia! Eeeee!).

Ainda doi. E muito. Mas esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Desespero

Fonte.

Desespero ou tolice?  disse Gandalf.  Desespero não, pois o desespero é para aqueles que enxergam o fim como o fato consumado. Não, não é. É sábio reconhecer a necessidade, quando todas as outras soluções já foram ponderadas, embora possa parecer tolice para aqueles que tem falsas esperanças. Bem, que a tolice seja nosso disfarce, um véu distante dos olhos do inimigo! Pois é ele muito sábio (...).

— J. R. R. Tolkien.



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tempestade de areia

Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não para de mudar de direção. Você muda de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de você. Volta a mudar de direção, mas a tempestade te persegue, seguindo o seu encalço. Isso acontece várias e várias vezes, como uma espécie de dança sinistra com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque essa tempestade não é algo que tenha surgido do nada, sem nada a ver com você. Essa tempestade é você. Algo que está dentro de você. Por isso, só lhe resta se deixar levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para a areia não entrar e, passo a passo, atravessar de uma ponta a outra. Aqui não há sol nem lua; a orientação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina rodopiando no céu, como ossos pulverizados. É uma tempestade assim que você deve imaginar.

E não há uma forma de escapar da violência dessa tempestade, dessa tempestade metafísica e simbólica. Por mais metafísica e simbólica que seja, lhe cortará a carne como mil lâminas afiadas. O sangue de muita gente correrá, e o seu com ele. Um sangue vermelho, quente. Ficará com as mãos cheias de sangue, do seu e de outros.

E quando a tempestade tiver passado você não se lembrará de como você passou por ela, como você conseguiu sobreviver. Você nem mesmo terá certeza, na verdade, se a tempestade acabou mesmo. Mas uma coisa é certa. Quando você sair da tempestade, você não será a mesma pessoa que entrou nela.

 Kafka À Beira Mar, Haruki Murakami.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A única coisa que importa

Seu primeiro beijo não é tão importante quanto o último.
A prova de matemática não tinha importância alguma.
A torta, sim.
As coisas em que você é bom e as coisas em que você é ruim são apenas partes diferentes da mesma coisa.
O mesmo serve para as pessoas que você ama e as pessoas que não ama, e para as pessoas que amam você e as que não amam.
A única coisa que importava era que você gostava de algumas pessoas.
A vida é muito, muito curta.

– Dezoito Luas, Margaret Stohl & Kami Garcia.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Princesa Mecânica


Acabei de traduzir por completo o livro Princesa Mecânica e, nesse momento, não há algo que me descreve melhor do que dizer que me sinto infinita. Não achava ser possível se identificar mais com um livro do que já fazia antes, mas aparentemente é e o fiz. Me pergunto se tradutores geralmente são acometidos por tais sentimentos ou se é uma coisa própria, totalmente e completamente minha. Talvez seja.
Já chorei com muitos livros. Nesse, chorei de tristeza, chorei de desespero, e uma coisa inédita: chorei de felicidade. Sim, já chorei com muitos livros. Mas de felicidade foi a primeira vez. Quanto ao choro, inclusive, é algo que eu gostaria de tratar num outro post, mas, no momento, tudo é Clockwork Princess e nada doi (mentira, tudo doi!).
Porque você se deu o trabalho de traduzir o livro? muitas pessoas me perguntaram. Bom, um dos maiores motivos é o fato de não ter previsão dele ser lançado em português e, muito menos, alguma tradução disponível, e eu queria muito, muito mesmo, que minha avó lesse. Me coloquei a traduzir assim que terminei de ler, e demorei  não tinha ideia do quão exaustivo seria traduzir um livro! Trabalhoso também. Mas devo admitir que demorei mais porque deixei de traduzir por vários dias. Foi trabalhoso e exaustivo, mas agora sinto falta. Minha avó me aconselhou a traduzir outro livro, mas não é do ato de traduzir que eu sinto falta. Eu sinto falta desse livro. Sinto falta desses personagens. Sinto falta dos meus amores, de uma forma que nem mesmo Harry Potter me fez sentir.
As Peças Infernais se tornou, definitivamente, uma das minhas séries/trilogias favoritas. Se compara a Jogos Vorazes no quesito o que causou em mim. Amo tanto, tanto, todos os personagens... Will. Oh, Will. Oh, meu Will. Não apenas o Will, mas me senti tão profundamente conectada com ele. E com a Tessa também. Ambos são como representações minhas... Talvez do que eu gostaria de ser, do que eu gostaria de ter, do que eu gostaria de conseguir. Como uma vez, no Príncipe Mecânico, disse meu querido Will Herondale:

Foram os livros que me fizeram sentir que talvez eu não estava completamente sozinho. Eles poderiam ser honestos comigo, e eu com eles.

Apesar de saber agora que em meados de novembro o livro será lançado aqui no Brasil, se alguém quiser lê-lo, traduzido com muito carinho e amor por mim, ficarei feliz em passar. Qualquer coisa é só me contatar no facebook ou no twitter (deixando claro que eu não estou ganhando nada com isso, e nem pretendo usar nada disso para fins comerciais). ;)


PS: Preparem-se para um Desafio de, possivelmente 30 dias, das Peças Infernais em breve, haha!

domingo, 25 de agosto de 2013

Literário Expresso 5

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

 Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
 Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.
A chuva fez o rio encher, criou verdadeiros riachos nas sarjetas e transformou as estradas íngremes que levam a Pagford em pistas escorregadias e traiçoeiras. - “Morte Súbita, J. K. Rowling.

PS: a frase não é da página 181, mas sim da 183. A página 181 era o início da segunda parte do livro.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Influência

Há alguns anos li O Retrato de Dorian Gray e, apesar de algumas partes terem sido cansativas, foi um livro fascinante. Não há um personagem que não seja interessante e intrigante, em particular Sir Henry Wotton, que também responde por Lord Henry. Até ouso dizer que é um dos personagens mais inteligentes e incríveis que já vi, saindo d'O Retrato e entrando na lista de personagens que admiro. Uma de suas falas, inclusive, está entre uma das frases que as menininhas mais postavam em seus perfis do Orkut e em descrições de fotos no Facebook, com suas variações: Definir é limitar.

Uma coisa que ficou em minha mente foi uma conversa que ele tem com Dorian Gray quando o conhece no ateliê de Basil Hallward sobre influência. Isso tudo porque Basil tinha receio de apresentá-los por acreditar que sua influência em Dorian fosse algo ruim, que o mudaria, que o corrompesse.
- Boa influência é coisa que não existe, senhor Gray. Toda influência é imoral... Imoral do ponto de vista científico.
- Por quê?
- Porque influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter ideias próprias, de vibrar com as suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. Os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela. A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo. Naturalmente, o homem é caridoso. Dá de comer ao faminto, veste o maltrapilho. Mas a sua alma é que sofre fome e anda nua. A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tenhamos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião... Eis as duas coisas que nos governam. 
Contudo, sou de um parecer que se o homem vivesse plena e totalmente a sua vida, desse forma a todo sentimento, expressão e toda ideia, realidade a todo devaneio... Creio que o mundo receberia um novo impulso eufórico, um impulso de alegria que nos faria esquecer todos os males do medievalismo e voltar aos ideais helênicos... Talvez a algo mais belo e mais rico do que o próprio ideal helênico. 
Mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem subsiste tragicamente da renúncia que nos estraga a vida. Somos punidos pelo que enjeitamos. Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer, ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamos-lhe, e nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se o dito que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. Também é no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
A genialidade de Oscar Wilde é também algo que me admira muito. Ele, no século XIX, tinha em mente e expôs temas que nos continuam a atormentar. Temas que sempre serão atuais, seja no século XIX, XX ou XXI. Porém há partes que não poderia concordar mais e outras que prontamente refuto. É inegável que ocorre exatamente o que Lord Henry diz sobre influência, mas em outros casos imagino que seja diferente. Em alguns casos amigos influenciam uns aos outros, emprestam-se suas almas e tornam-se um só. Tornam-se um só mas continuam sendo vários. Cada um continua com suas ideias, paixões e sonhos – compartilham-nas, é verdade, mas não é como virassem reflexos um do outro, mas cúmplices. Se um alcança um objetivo, o outro vibra. Mas não o têm como dele, continua em busca do seu, de se realizar também. Eu exerço influência sob meus parentes e amigos, e eles em mim. Já a maneira de reagir a isso é individual. Quanto ao pecado, não há o que tirar nem por. Pelo menos não nesse momento em que minha mente está a dar voltas e piruetas pensando sobre influência, haha. Quem sabe depois, certo? ;)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Minha ligação com os livros e minha relação nada saudável com eles

Título imenso, mas não tinha como encurtar (tinha sim, só não quis, rs). Amo livros. Amo ler. Sempre gostei, desde que aprendi - e antes disso também. Quer me deixar feliz é me levar numa Leitura, Fnac ou Saraiva (essa última até que nem tanto, já que é muito difícil eu ir no Diamond Mall que é o único lugar que há uma), e quer me deixar ainda mais feliz é poder comprar algum livro ou mais. Quer me deixar em estado de êxtase, sentindo como se tivesse alcançado o nirvana? Me dê crédito infinito para poder gastar nesses lugares. Um orgasmo deve ser tipo isso, imagino. Mas ó, só de poder passear livremente por entre as estandes e corredores de livros, podendo vê-los, pegá-los, senti-los, conhecê-los e admirá-los já me deixa feliz.

Mas vai além disso. Pra mim um bom livro não é apenas aquele que você chora ou, como já vi em uma tirinha, não é aquele que você para vez ou outra pra dizer fuuuuuuuck. Até porque já chorei com livros que não gostei, assim como já parei incrédula com algo que aconteceu em um que eu, obviamente, acabei por não gostar depois. E claro também que há aqueles que eu faço tudo isso e um pouco mais e os amo, rs. Mas sinceramente? Não sei dizer qual é a fórmula pra me fazer não gostar de um livro ou o que me faz gostar dele e mais, o que me faz amá-lo. Às vezes simplesmente não acontece, é tipo... Química. Não rola química entre o livro e eu. Exemplos de livros que não gostei são Depois Daquela Viagem, de Valeria Piassa Polizzi e a série Fallen, de Lauren Kate.

Quando começo a ler um livro, nem sempre também a química é imediata. Às vezes demoramos a nos conectar; mas uma vez dentro da história me torno outra pessoa. Não sou mais Tuane Jade, mas sim uma personagem, seja o principal ou alguém muito próximo que o ama e o quer bem, que teme por sua vida, por seus objetivos, por seus sonhos. Por isso sofro. A cada perda, a cada desilusão, cada decepção, sinto como se fosse minha. Uma vez após terminar um livro me senti tão atingida, revoltada, injuriada, frustrada; que na época passei a sessão inteira de terapia falando apenas sobre isso com a psicóloga. Não só com ela, mas com todo mundo, rs. E não conseguia formar frases inteligíveis, apenas resmungava e quando começava a falar coisa com coisa, não conseguia mais e só saía "não, vei. Não. Simplesmente não. Ah nem. Não, vei. Não. Não. Não, não, não". Tipo assim.

Geralmente quando termino de ler um livro não tenho uma noite inteira de sono. Não consigo dormir apenas pensando e raciocinando sobre aquilo que li, imaginando finais alternativos, o que teria acontecido caso tal coisa não acontecesse, o que acontecia antes de a história do livro começar, e afins. Também penso em como aquilo me atingiu. Como exemplo, temos a trilogia de Jogos Vorazes. Passei a noite inteira chorando, desde que terminei a leitura. Ainda hoje lembro de algum acontecimento e tenho uma vontade imensa de chorar (já aconteceu no ônibus hauahuahauha sério! Do nada lembrei de uma personagem, de sua trajetória e de seu final) e às vezes me permito fazê-lo. Choro pelos acontecimentos, pelos personagens, por seus destinos. Muitas vezes meu pesar vem porque eles não tiveram a oportunidade de ter um futuro. Sim, penso tudo isso em relação à personagens de livros. Pra mim eles se tornam pessoas reais, meus amigos, minha família; se tornam parte de mim. E os amo de todo meu coração.

Esse dia dos namorados dedico à mim e aos meus livros, com quem tenho um relacionamento mais do que sério e se existisse alguma coisa mais do eterna, seria meu amor por eles. Meus lindos, amo vocês! (mesmo que vocês me machuquem e me deixem perturbada, arrasada pelo resto da vida).

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Literário Expresso 4

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

Abra na página 181;
Procure a 5ª frase completa;
Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
Poste o trecho.
Se eu tivesse recebido a carta imediatamente, já poderíamos estar a salvo em Valfenda agora. – O Senhor dos Aneis: A Sociedade do Anel J. R. R. Tolkien.

domingo, 5 de maio de 2013

The Hanging Tree


Are you, are you
Coming to the tree
Where they strung up a man they say murdered three
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree

Are you, are you
Coming to the tree
Where the dead man called out for his love to flee
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree

Are you, are you
Coming to the tree
Where I told you to run so we'd both be free
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree

Are you, are
Coming to the tree
Wear a necklace of rope, side by side with me
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree
  
Mockingjay, Suzanne Collins

Melodia e arranjo feito por fãs

domingo, 28 de abril de 2013

As quatro portas da mente

   “A maior faculdade que nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com sua necessidade.
    Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira da mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.
    Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio ‘O tempo cura todas as feridas é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.
    Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás.
    Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram.

O Nome do Vento, Patrick Rothfuss.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Literário Expresso 3

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

• Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
• Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.
Lanre, com o rosto envolto numa sombra mais negra que uma noite sem estrelas, foi soprado para longe, qual fumaça pelo vento.”  “O Nome do Vento, Patrick Rothfuss.

domingo, 14 de abril de 2013

O que nos faz deixar a infância para trás?

"O dia em que nos preocupamos com o futuro é aquele em que deixamos a infância para trás."  - Kvothe, "O Nome do Vento"; Patrick Rothfuss.

Antes de entrar no assunto, gostaria muito de agradecer à Raquel por ter me dado esse livro como presente de aniversário. Há alguns anos um amigo me indicou o livro, mas confesso que não me interessei tanto nele a ponto de sair para procurá-lo imediatamente. Pra ser sincera, a única coisa que eu lembrava sobre ele durante todo esse tempo fora o nome do protagonista: Kvothe. Quando abri o pacote e peguei o livro e vi sobre quem se tratava, fiquei muito empolgada. Estou demorando a ler, mas o livro é muito, muito empolgante e interessante mesmo. Mais uma vez, obrigada Quel!

Quando Kvothe (pronuncia-se "Kuouth") diz isso eu rapidamente parei para protestar, afinal crianças pensam sim no futuro, dizendo "quando eu crescer" e até dizendo o que querem ser quando ficarem grandes. Mas aí pensei... Será mesmo? Algumas crianças sabem desde muito pequenas o que querem ser - como minha prima, que desde novinha já sonhava em ser médica - e há também aquelas que mudam o tempo todo, tipo eu. Já quis ser desenhista, bailarina, jogadora de futebol, estilista, médica, astronauta... Havia pensado que isso era se preocupar com o futuro, mas não é. Quando criança nós nos preocupamos com várias coisas super importantes como qual boneca ou carrinho é o que queremos ganhar (normalmente todos), nos preocupamos com chegar mais cedo da escola para ter mais tempo pra brincar, se vamos ganhar presentes no aniversário e no Natal, se os pais deixarão comer mais doce do que o combinado, entre muitos outros. Nós realmente não nos preocupamos se a família tem dinheiro o suficiente para pagar as contas, na verdade nem pensamos que dinheiro é limitado (para a maioria dos mortais, pelo menos), quem vai cuidar de nós caso algo aconteça com nossos pais - na verdade acho até que pensamos que nossos pais são pra sempre. Pensar que algum dia não existirá mais mamãe e papai é algo que nem passa por nossas cabeças. Inevitavelmente é um choque perceber que não, eles não continuarão aqui para sempre e quando nos deparamos com todas aquelas coisas que bombardeiam as mentes dos adultos diariamente. Não se vira adulto quando atinge certa idade, mas sim, quando preocupações se tornam reais e constantes. É aí que percebemos o quão tolos fomos por desejarmos crescer. É aí que percebemos o quão absurdo fora querer deixar a inocência pra trás. Mas aí já é tarde demais. Tarde demais.
"We are broken. What can we do restore our innocence? And all the promise we adore. Give us life again 'cause we just wanna be whole."
- Paramore, "We Are Broken".

De alguém preocupada com o futuro,
Jay.