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domingo, 28 de abril de 2013

As quatro portas da mente

   “A maior faculdade que nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com sua necessidade.
    Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira da mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.
    Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio ‘O tempo cura todas as feridas é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.
    Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás.
    Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram.

O Nome do Vento, Patrick Rothfuss.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Open Minas

Neste final de semana aconteceu o 13º Open Minas de TaeKwon Do/13º Copa Grão Mestre Park de TaeKwon Do; o primeiro campeonato que eu participei.
Apesar de praticar o TKD há quase três anos, essa foi a primeira vez que competi por causa de um motivo simples: tinha medo. Não tenho medo de bater ou de apanhar, mas tenho medo de perder. Outro motivo também é que eu quase não tenho resistência física, me canso muito rápido e fácil. Por isso optei por participar na categoria de Poomsae.
Poomsae (pun sê): é uma "forma" em que o praticante cumpre certas linhas de movimento de uma forma sistemática e consecutiva contra um ou vários adversários imaginários usando técnicas de TaeKwon Do de pernas e braços. Praticar as Poomsae confere-nos uma melhoria de flexibilidade no corpo assim como um controle da força, do equilíbrio, da respiração, do olhar e da concentração. Fonte.
Fazer Poomsae é muito mais difícil do que lutar. Um Poomsae bem feito nos deixa tão cansados e ofegantes quanto uma luta - eu achava que isso era balela do meu professor até presenciar isso eu mesma. O tempo todo eu estive tranquila, não fiquei nervosa nem nada. Mas o fato de eu ter feito com que chegássemos cerca de 1 hora e meia antes deixou minha avó e tia com a ideia errônea de que eu estava nervosa e preocupada - aliás, estava preocupada sim, de chegar atrasada! Eu olhei no Google e ele disse que o trajeto da minha casa até o Sesc de Venda Nova demoraria, no mínimo, 1 hora e 40 minutos. Fiz com que saíssemos 6h50 e chegamos... 7h15. Sendo que a competição começaria às 8h45. Oh, well.
Mas confesso que fiquei nervosa sim, mas depois. Eu disputei contra duas meninas. Nós fizemos o Teugeuk 2 (ee) Jang, que é o poomsae de faixa amarela. Fui perfeita. Mas então o Mestre Junio nos pediu que fizéssemos o Teugeuk 1 (ill) Jang, que é o de faixa branca, dizendo que fomos todas ótimas, perfeitas e sincronizadas. Até brincou que não era competição de sincronismo. Fizemos. Fui perfeita também.
O árbitro, o Mestre Junio e um outro mestre debateram por um tempo e, quando chegaram a uma conclusão, eu fiquei com o 3º lugar. Admito que não esperava. Eu poderia até não merecer o 1º lugar, mas o 3º não merecia a mim. Eu me senti quase como o menino que havia perdido a luta de 34 x 0 no dia anterior. Não sei como ele se sentiu realmente, apenas imagino. Fiquei em último. Perdi.

Não importa o quão perfeita eu fui, eu estava disputando contra duas alunas do Mestre Junio, que pagam caro na academia Park. Nem fui buscar minha medalha de imediato, fui direto para a arquibancada. Logo na entrada já fui recepcionada por um colega de academia que também ficou surpreso com a minha colocação e depois por um faixa preta de não sei qual lugar, que me parabenizou e disse que eu havia sido melhor que as outras duas meninas, que ele e a equipe dele acharam que eu ia ganhar. Todos me disseram que a opinião geral era que eu ou uma outra menina iríamos ganhar o 1º lugar, e essa outra que eles pensaram também nem foi a que ganhou, foi a que ficou em 2º. Eu fui claramente, explicitamente roubada. No dia anterior uma outra menina da academia da minha prima (que eu também treino, mas não sou oficialmente de lá, apenas visitante) também foi garfada, mas ela ficou com o 2º.

Depois disso resolvi que no Campeonato Mineiro eu vou lutar. Vou penar bastante pra aumentar minha resistência, haha.
Eu até poderia postar uma foto da medalha, mas não quero perder meu tempo tirando foto daquela medalha feiosa. É igual a de ouro e de prata, a única diferença é que atrás vem escrito "bronze". Mas como eu disse anteriormente, ela não me merece.

Apenas o que importa.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Literário Expresso 3

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

• Abra na página 181;
 Procure a 5ª frase completa;
• Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
 Poste o trecho.
Lanre, com o rosto envolto numa sombra mais negra que uma noite sem estrelas, foi soprado para longe, qual fumaça pelo vento.”  “O Nome do Vento, Patrick Rothfuss.

domingo, 14 de abril de 2013

O que nos faz deixar a infância para trás?

"O dia em que nos preocupamos com o futuro é aquele em que deixamos a infância para trás."  - Kvothe, "O Nome do Vento"; Patrick Rothfuss.

Antes de entrar no assunto, gostaria muito de agradecer à Raquel por ter me dado esse livro como presente de aniversário. Há alguns anos um amigo me indicou o livro, mas confesso que não me interessei tanto nele a ponto de sair para procurá-lo imediatamente. Pra ser sincera, a única coisa que eu lembrava sobre ele durante todo esse tempo fora o nome do protagonista: Kvothe. Quando abri o pacote e peguei o livro e vi sobre quem se tratava, fiquei muito empolgada. Estou demorando a ler, mas o livro é muito, muito empolgante e interessante mesmo. Mais uma vez, obrigada Quel!

Quando Kvothe (pronuncia-se "Kuouth") diz isso eu rapidamente parei para protestar, afinal crianças pensam sim no futuro, dizendo "quando eu crescer" e até dizendo o que querem ser quando ficarem grandes. Mas aí pensei... Será mesmo? Algumas crianças sabem desde muito pequenas o que querem ser - como minha prima, que desde novinha já sonhava em ser médica - e há também aquelas que mudam o tempo todo, tipo eu. Já quis ser desenhista, bailarina, jogadora de futebol, estilista, médica, astronauta... Havia pensado que isso era se preocupar com o futuro, mas não é. Quando criança nós nos preocupamos com várias coisas super importantes como qual boneca ou carrinho é o que queremos ganhar (normalmente todos), nos preocupamos com chegar mais cedo da escola para ter mais tempo pra brincar, se vamos ganhar presentes no aniversário e no Natal, se os pais deixarão comer mais doce do que o combinado, entre muitos outros. Nós realmente não nos preocupamos se a família tem dinheiro o suficiente para pagar as contas, na verdade nem pensamos que dinheiro é limitado (para a maioria dos mortais, pelo menos), quem vai cuidar de nós caso algo aconteça com nossos pais - na verdade acho até que pensamos que nossos pais são pra sempre. Pensar que algum dia não existirá mais mamãe e papai é algo que nem passa por nossas cabeças. Inevitavelmente é um choque perceber que não, eles não continuarão aqui para sempre e quando nos deparamos com todas aquelas coisas que bombardeiam as mentes dos adultos diariamente. Não se vira adulto quando atinge certa idade, mas sim, quando preocupações se tornam reais e constantes. É aí que percebemos o quão tolos fomos por desejarmos crescer. É aí que percebemos o quão absurdo fora querer deixar a inocência pra trás. Mas aí já é tarde demais. Tarde demais.
"We are broken. What can we do restore our innocence? And all the promise we adore. Give us life again 'cause we just wanna be whole."
- Paramore, "We Are Broken".

De alguém preocupada com o futuro,
Jay.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

April fool's day

Nesse 1º de abril, enquanto alguns "trollavam", outros eram "trollados" e outros nem se importavam, eu estava... no hospital. E olha, quisera eu estar brincando.
Acho válido e importante dizer que não, não era nenhum problema comigo. Aliás, não tenho problemas há algum tempo, yay! O problema da vez foi uma batalha de minha avó contra o atual maior de Minas: a dengue.

Passei cerca de mais de 12 horas no hospital e voltei pra casa de noite, e só porque eu não havia levado nada para me preparar para a noite. Eu me sentia péssima. Toda aquela situação me deixou extremamente irritadiça e com imensa vontade de chorar. Nesse momento eu vi que para certas coisas nem com a minha avó eu poderia contar - claro, era ela quem estava com problemas! Eu queria deixar essa responsabilidade de lado, voltar pra casa e fingir que tava tudo bem, que ela ficaria bem, que alguém iria até lá ficar com ela. Mas não podia. Ela podia contar apenas comigo. E isso acaba comigo. Me consome.

E fico cada vez mais preocupada com cada vez que penso em fazer alguma coisa. Sei que não posso viver apenas em função dela, mas como eu poderia estudar, trabalhar, sabendo que ela está sozinha? Quem a acudiria caso algo acontecesse? Não me sinto segura o bastante. Tenho medo. Muito...