terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Resoluções de ano novo
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Literário Expresso 6
• Abra na página 181;
• Procure a 5ª frase completa;
• Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
• Poste o trecho.
“– Direi à Senhora Webber o que você disse, sobre o preço de sangue, mas...” – “O Cavaleiro dos Sete Reinos (A Espada Juramentada)”, George R. R. Martin.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Você vem, você vem para a árvore?
Se você não gosta de Jogos Vorazes, não prossiga. Se você ainda não assistiu o novo filme da franquia, não prossiga. Este post conterá muitos, MUITOS spoilers, não só do filme quanto do livro, então não diga que eu não avisei! Então se você continuar é por sua conta. ;) SPOILERS ADIANTE!
Me diz, você vem para a árvore?
domingo, 26 de outubro de 2014
Unromantic
sábado, 20 de setembro de 2014
Livro de criança?
"Quando as pessoas dizem que esses livros são para crianças, como se para rebaixá-los, eu fico contrariada. Esses livros lidaram com temas que adultos não compreendem completamente ou desejam compreender. Lidou com racismo, classismo, sexismo, homofobia, preconceito, e com ignorância em geral. Esses livros nos ensinaram que não importa onde você foi criado, mas que pode escolher ser bondoso, leal, corajoso e verdadeiro. Eles nos ensinaram a ser fortes sob as pressões desse mundo e nos segurarmos no que acreditamos ser certo. Esses livros me ensinaram tanto, me mudaram como pessoa. Então só porque se passam num mundo fantasioso com protagonistas jovens não significa que seu valor é menos real.
Primeiro livro: Começa com o duplo homicídio de um casal de 21 anos e deixam seu bebê um órfão de guerra. Uma criança crescendo em condições abusivas que deixaria Cinderela horrorizada. Lidando com colegas e professores que eram valentões. A inconstância da fama (do queridinho da Grifinória para um pária). A ideia de que há coisas que valem a pena lutar e morrer por, ditas pela criança protagonista. Três crianças prontas para sacrificar suas vidas, e duas delas se machucando ao fazê-lo.
Segundo livro: O equivalente ao racismo com a atitude pró-sangue puro. Trama conduzida por uma menina de onze anos sendo preparada e depois usada por garoto mais velho charmoso e bonito. O desequilíbrio de poder e abuso inerente de escravidão. Fraude perpetuada ao roubar algo muito íntimo.
Terceiro livro: O equivalente ao preconceito contra pessoas com deficiência contra um adulto decente e bondoso que é considerado menos que humano porque possui uma doença que afeta seu comportamento certas vezes. Um sistema de justiça que é o oposto de justo. Promessas de retirar uma criança de ambiente abusivo não podem sempre ser cumpridas. O inocente sofre enquanto o culpado prospera.
Quarto livro: Mais inconstância da fama. Os privilegiados maltratando e debilitando menos favorecidos porque eles podem. Um mestre punindo uma escrava por causa de seu próprio erro, e a escrava culpando a si mesma. Um torneio esportivo que envolve risco mortal sendo torcido por espectadores. Um jovem rapaz maravilhoso sendo assassinado simplesmente porque estava no caminho. Um jovem garoto sendo torturado, humilhado e quase assassinado.
Quinto livro: TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) no protagonista. Depressão severa no padrinho do protagonista, causada por problemas mentais herdados e ser forçado a ficar na casa onde sofreu abuso. Uma tirana fanática que vive para esmagar a todos com seus sapatos, torturando um adolescente por contar a verdade em nome do governo (e tentando sugar sua alma também). A descoberta que seus ídolos podem ter "pés de argila" depois de tudo. Um esforço para salvar a vida de alguém querido e precioso e na verdade acabando por custar esta mesma vida. A perda de uma figura paterna e a culpa resultante.
Sexto livro: A ideia de que uma alma pode ser quebrada sem reparos. Drogas com o potencial para resultar em estupro são mostradas conseguindo exatamente isso em pelo menos um caso, resultando em uma gravidez. Chauvinismo bem intencionado tentando controlar a vida amorosa de uma jovem mulher. Preconceito internalizado resultando em recusar aquela que você ama, não por falta de amor, mas por medo de prejudicá-la. A mortalidade daqueles que parecem poderosos e maiores do que a própria vida.
Sétimo livro: Situações ruins podem ficar piores, ao ponto onde mesmo os privilegiados acabam sofrendo e com medo. Mais preconceito internalizado e
Então... ainda acha que Harry Potter uma série para crianças sem profundidade?"
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Final feliz
Vejo frases sobre finais felizes e acho uma gracinha. Acho mesmo! Bom, na verdade... Melhor não mentir: eu as odeio. Falem o que quiser sobre frases de amor a primeira vista, amor verdadeiro, mas as frases de finais felizes? Ah, faça me o favor!
Achem-me pessimista se quiserem. Mas, em minha defesa, digo que sou uma pessoa surpreendentemente otimista que, no momento se encontra sendo algo que geralmente não é: realista.
Finais felizes não existem. Olhe ao seu redor. Tragédias, guerras, desgraças. É certo dizer pra uma dessas pessoas que "se tudo não deu certo, é porque ainda não acabou"? Ou será que podemos afirmar que nem todos tem ou merecem um final feliz, que são meros coadjuvantes, meros efeitos colaterais nas vidas de quem o vai ter?
Mas olha, momentos felizes existem, e o que se há de fazer é aproveitá-los e ter esperança de que mais virão, por mais que pareçam longe. Nisso vale a pena acreditar.
sábado, 9 de agosto de 2014
Sis
Luisa e eu nos conhecemos em alguma parte do início de 2008, graças a uma bandinha que estava começando a explodir na época. Ainda era tempo do (não tão) glorioso Orkut e do MSN (In Memoriam), e nós frequentávamos a comunidade oficial brasileira da dita banda. Não faço ideia de como acabamos por reunir treze garotas numa conversa de MSN, mas tal ato foi realizado e essas treze garotas viraram as Jo'Girls. As J'G em sua formação duraram apenas aquele dia da formação, tendo em vista que uma das garotas nunca mais foi vista... Mas eu e as outras garotas conversávamos constantemente. A Luisa estava lá, mas não nos conectamos imediatamente. De fato, se alguma coisa, nós ignorávamos uma a outra. Esnobávamos uma a outra, arrisco dizer. Mas não era por maldade! Eu a achava muito legal, no entanto achava que ela não gostava de mim.
Com doze garotas é impossível dizer que todas eram amigas iguais. Algumas amizades mais fortes iam se formando separadamente, gêmeas foram sendo encontradas – inclusive eu tive a minha. E não era a Lulis.
Mas aí então um dia... Também não sei o que aconteceu naquele dia. Numa conversa eu e ela simplesmente nos falamos e “resolvemos nossas diferenças”. Acontece que não havia diferença alguma. Havia uma admiração mútua, um medo mútuo e ambas achava que uma não gostava da outra. Aí sim começa a história de uma amizade que dura até hoje.
Das antigas Jo'Girls ainda mantenho contato com apenas a metade. Algumas converso mais, outras menos, algumas vamos vivendo num mundo de curtir a publicação da outra. Mas com a Lulis nada mudou. E acontece que hoje é aniversário dela. Nos conhecemos quando eu tinha 13 anos e ela 14, e agora aqui estou eu escrevendo sobre nós no dia em que ela completa 21 anos. Wow.
2014 tem sido um ano bacaninha até. Vai ter a primeira parte de Mockingjay, teve Capitão América: Soldado Invernal e eu conheci o amor da minha vida (Sebastian ♥), teve TFIOS, Divergente, Guardiões da Galáxia, terá também o último filme da trilogia do Hobbit... Bom, a minha vida não se deve apenas a contentamento literário e de filmes! Acontece também que meu time está ótimo no Campeonato Brasileiro e a Copa foi incrível. Tá bom. Tá bom... Uma das coisas que tornou esse ano bastante especial foi o fato de que Lulis e eu nos conhecemos em pessoa!
Foi engraçado. Em abril pensamos o quão longe o finalzinho de maio estava, mas então de repente maio chegou e ao se preparar pra ir embora a trouxe, e mais ainda sem perceber quase três meses se passaram desde que ela esteve aqui. Outra coisa engraçada é que achavam que éramos parentes (“Quem é essa?” “Essa é a Luisa, a prima da Tuti”), outros viviam sempre apontando nossas similaridades e acabávamos combinando várias coisas que, bom, não havíamos combinado. Como quando fomos à Feira Hippie no domingo e ambas compraram saias iguais, sendo que cada uma foi para um lado da barraca. A única diferença entre as saias eram botões e uma fenda – que a minha não tinha.
Ah! Lembrei de mais uma realização por parte do cinema: teve também X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. Mas esse aí nós assistimos juntas.
O tempo que ela ficou aqui pareceu pouco e muito ao mesmo tempo. Eu arranjei tanta coisa pra fazermos que pareceu que o tempo de nove dias foi maior... E ainda não vimos nem metade do que eu queria ter mostrado!
Agora talvez seja mais fácil nos encostrarmos novamente, eu espero. Ir pra São Paulo deve ser mais fácil do que ir pra Jaraguá... Eu espero. E agora vou pra parte dos parabéns: Feliz aniversário enfim! Digo enfim porque demorei séculos até chegar no que talvez diria ter dito em primeiro lugar, mas vou tentar parar a verborreia antes que comece totalmente (de novo). Sis, agora você deu o primeiro e o segundo passo na direção do seu sonho. Foi difícil e eu te admiro muito por tê-lo feito, e espero que sempre se lembre do que eu te disse: eu acredito em você. Afinal, preciso de alguém pra bancar o Cupido entre o Sebastian e eu, né? HAHAHAHAHAHAHA. Você é incrível e merece o melhor, de verdade!
Com amor, da sua sis desnaturada,
Tu.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Granada
Uma coisa que penso desde quando li o livro e todas as vezes que era mencionado é quando Hazel diz que é uma granada. Ela clama que um dia explodirá e destruirá tudo ao seu redor, então acha que é seu dever diminuir o dano o tanto quanto possível. Mas o que me vem a cabeça desde a primeira vez é: e não somos todos? Digo, não somos todos granadas? Pelo menos todos que amamos e somos amados? Pra mim, não somos exatamente granadas. Pode-se ver como se fôssemos bombas, com pavios – ou, se preferir, trilhas de pólvora – de diferentes tamanhos. Morrer não é um privilégio do câncer. Não é como se fôssemos seres imortais cuja única fraqueza, única forma de perecer é quando o corpo desenvolve a doença. Um dia todos cairemos. E como eu falei em relação a bombas e pavios, alguns tem pavios ou trilhas bem longas, outros tem mais curtas, outros as tem encurtadas. Mas o negócio é que todas estão acesas. Não nascemos e começamos a viver, nós nascemos e começamos a morrer. Pode soar muito mórbido, mas é assim... Estamos sujeitos à morte a todo momento. Esteja você doente ou não.
Somos todos bombas porque quando explodirmos machucaremos quem ficar para trás. Não há como evitar, você ferirá e será ferido. Seja fictícia ou não, fico satisfeita que, no fim, Hazel parece ter percebido isso. Até mesmo eu, que ao ler também havia me identificado com a granada – mesmo com meu tumor benigno já ter sido extraído há algum tempo (por falar nisso, dia 31 de julho completará 5 anos desde a minha cirurgia! Eeeee!).
Ainda doi. E muito. Mas esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Longe
terça-feira, 29 de abril de 2014
Desespero
Fonte. |
terça-feira, 25 de março de 2014
20
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Depressão pré aniversário
O aniversário da minha prima é dois dias antes do aniversário da mãe, e ela implorou que fosse feita uma “festa do pijama”, e assim foi. Eu fui convocada pra ajudar. Não é como se eu realmente tivesse uma escolha, inclusive. No dia seguinte houve um churrasco com a família, e alguns pais que iam buscar suas filhas acabavam ficando por lá um tempinho. Minha tia passou seu aniversário inteiro fazendo comida, limpando e lavando louça e servindo pessoas. Não posso dizer que fui uma pessoa caridosa e a aliviei de suas tarefas, mas, afinal, eu fiz o que me foi pedido, não fiz? Fui babá das meninas e até fiz umas coisas aleatórias. Pra completar, no final do dia, a cunhada dela ainda lhe fez o favor de deixar o filho e mais um menino lá sob supervisão da minha tia. Eu sabia que ela estava cansada, quase morta, na realidade. Eu deveria ter dito algo, feito com que a cunhada visse a razão que ela tão convenientemente não via, que se os dois meninos quisessem brincar juntos que ela os levasse para sua própria casa. Mas não foi o que eu fiz. Eu recolhi minhas coisas e esperei ansiosamente para ir pra casa. Porque eu não falei por ela? Já fiz isso tantas vezes. Já falei coisas por minha avó e já fui tão malvista antes, porque não fiz novamente? Gostaria de tê-lo feito.
E tudo isso só ajudou a piorar o que eu já sentia. Qual o motivo de eu não gostar de aniversário? O que, de fato, eu não gosto: de comemorar o aniversário ou fazê-lo? No fundo, a realidade seria que eu não gostaria de ter nascido? Ao mesmo tempo que não quero comemora-lo, parece errado não fazê-lo. Não exatamente parece errado – ou pareça, eu realmente não sei –, mas é como se realmente não houvesse outra data pra reunir pessoas queridas na minha casa ou pra fazer algo que eu queira, sem ter algum pretexto realmente convincente. Argh, eu não sei. E quando penso sobre, a única coisa que consigo fazer é justamente, fazer sons guturais que não fazem nada a não ser mostrar frustração. Ah, frustração, minha velha amiga. Você nunca vai me deixar, não é?
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Mãe,
como foi quando seu
cérebro se tornou canibal? Quando
a sua mente começou a ingerir a si mesma
seu cérebro voraz, e todos os seus
pensamentos de repente tinham dentes?
Mãe,
como foi quando você perdeu
a sua sombra? Ela se embrulhou
em uma mala e deixou você para criar
os seus demônios sozinha? Você esqueceu
a forma da sua própria silhueta?
Mãe,
o espelho começou a te contar mentiras?
você olhou no vidro e viu
coragem e glória e sua própria mão
segurando o coração como um troféu? Foi
uma vitória ou um prêmio de consolação?
Mãe,
a noite você transformou a sua cama em
um campo de batalha? Você brandiu a sua
insonia como uma arma ou você
acenou seu lençol como uma bandeira branca
de rendição e se tornou vítima da guerra?
Mamãe,
por favor, quando o papai te segurou foi
como se uma guilhotina afagasse o seu pescoço?
os dedos dele foram como facas tentando
abrir a sua pele como um vestidinho preto?
você amou o seu marido ou a sua arma?
Mamãe,
por favor, eu tenho os seus olhos e eu tenho a sua
mente e quando eu me balanço como uma folha é o seu
fantasma tentando me ninar até dormir? É você
a canção de ninar na minha cabeça ou eu só preciso
aumentar a minha dosagem de novo?
Mamãezinha,
se eu seguir os seus passos, você teria
um quarto esperando por mim? Você me colocaria
na cama e beijaria a minha testa e me diria
que monstros são de livros de histórias e não
para garotinhos tentando uivar para a lua?
Mamãezinha... Você vai costurar a minha alma junta de novo?”
— “Mãe?”, S.N. Fonte.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Cirurgia enfim
Antes de eu apagar tudo e recomeçar o blog praticamente do zero, eu fiz um post falando sobre o AVC que ela sofreu em setembro de 2012 (15 de setembro de 2012, para ser exata). Ela não passou muito tempo no hospital porque graças aos céus o derrame foi leve, e ela se recuperou graciosamente. Hoje em dia, só se você reparar muito, você nota que o lado esquerdo do corpo dela é levemente mais caído do que o direito.
Com o AVC descobrimos várias coisas que não teríamos descoberto caso não acontecesse e desde então estivemos esperando por avaliações e, então, uma cirurgia. Eu não faço ideia dos termos médicos, principalmente tendo em vista que eu não fui a nenhuma consulta com a minha avó (minha tia fez questão de ir a todas), então sei apenas o que ambas me disseram e o que eu vou dizer é o que eu entendi: uma válvula do coração dela estava falhando e precisava ser trocada. Foi difícil vê-la piorando cada vez mais, sabe? Ela começou a ter tosses fortes e se cansava rápido. Chegou uma época que só de levantar ela já se cansava e até tomar banho era uma tarefa esgotante. Ela não podia mais sair sozinha porque era possível que ela tivesse um blackout na rua e ninguém pra ajudar.
Mas então desde novembro ou início de dezembro fomos avisadas que minha avó seria chamada para a cirurgia assim que um leito no CTI ficasse disponível, e ela foi instruída a fazer uma malinha com coisas essenciais. Dia 8 de janeiro recebemos a ligação e no dia 10, uma sexta, ela fez o procedimento. Passou quatro dias no CTI e então mais seis dias na enfermaria. Preciso admitir que o tempo que ela ficou no hospital me fez ter certeza de que eu jamais faria parte da Abnegação (uma facção vinda do mundo de Divergente, que culpava o egoísmo como motivo de o mundo estar como está. Veja o fim do post para mais informação a respeito :B). E fez eu me sentir horrível.
Eu não aguentava as noites que eu passei no hospital. Foram cinco vezes: de quinta pra sexta antes da cirurgia, depois de terça pra quarta, quinta pra sexta, sábado pra domingo e domingo pra segunda. Esses últimos dois dias aí também foram excruciantes - na realidade todos foram. Na primeira noite eu "dormi" numa cadeira. Digo "dormi" porque consegui cochilar por um curto período de tempo entre 00:30 e 02:00, depois disso não mais. Passei o resto da noite desconfortável e desenhando (com as costas morrendo de dor porque eu tenho uma dor intensa na escápula). Depois consegui respirar livremente porque no CTI não precisa e nem pode ter acompanhante, o que me deu quatro noites de sono em casa. Meu corpo quase se recuperou. Quase.
Mas na terça tive que voltar. Dessa vez, no quarto novo tinha uma cadeira reclinável. Dura, porém maior. Só que tem um negócio: eu não conseguia dormir daquele jeito, então eu basicamente deitava na parte de sentar, encolhida. Rendia uma baita de uma dor nos quadris. Eu precisava arranjar alguém pra ficar no meu lugar porque eu não aguentava. No segundo em que eu bati os olhos na minha avó deitada na cama, inchada, eu sabia que não conseguiria. Mas eu não tinha escolha. Eu passei grande parte da noite apavorada. Eu tremia enquanto tinha que dar comida pra ela na boca. Não sabia exatamente como me portar. Fiquei extremamente insegura nas cinco vezes que tive que levá-la ao banheiro durante a noite (as enfermeiras fizeram a sacanagem de dar um remédio chamado furosemida pra ela às 22:00, e esse remédio faz com que ela urine bastante. É por isso que em casa ela toma de manhã; mas nããão, eu não sei quem sacaneou mais: os médicos ou os enfermeiros nesse quesito. Enfim). Eu também estava prestes a passar por um momento feminino difícil, mas ninguém precisa saber disso. Então inventei uma desculpa e então minha tia que voltou de Goiás aceitou ficar com ela na noite seguinte (o que é engraçado, já que antes da cirurgia ela me disse: "depois da cirurgia eu assumo"). Mas depois eu estava lá de novo. O corpo dolorido, a mente em pedaços. No dia seguinte precisava de uma nova desculpa, mas na verdade usei a mesma, mas minha tia declinou. Disse que passar a noite acabou com ela, principalmente porque ela teve que trabalhar o dia inteiro no dia seguinte. Perdi. Mas não totalmente. Convenci minha prima a ficar com ela. No dia seguinte voltei. Todos os dias fazia um calor desgraçado, mas naquela noite fez frio. Muito. Usei a toalha da minha avó como cobertor. Duas pessoas me perguntaram se eu tinha frio, e apesar de eu dizer sim, ninguém fez nada por mim. Depois vieram perguntar porque eu não pedi um cobertor ou um lençol. Como a minha avó diz, quase "saí com eles nas costas". Mais cedo eu havia pedido um analgésico pra minha dor de cabeça e nas pernas ou um antialérgico, porque de alguma forma algo desencadeou uma crise, mas me negaram dizendo que só podiam medicar pacientes e com uma receita médica. Resolvi não pedir mais nada. Além do mais, quanto ao cobertor, porque nenhuma das duas pessoas fez nada por mim?
Na segunda não tive sorte. Não tinha ninguém que pudesse pegar o meu lugar. Voltei. Como não tive nem como descansar direito em casa e nem como relaxar meu corpo, eu estava pior. Meu pescoço, ombros, escápula direita, quadris e costas doíam como loucos. E o tempo todo eu me sentindo miserável. E o tempo todo eu me sentindo furiosa. E o tempo todo eu me sentindo culpada. Quando falei pra minha tia (minha dindinha) sobre a primeira noite, ela me disse que era difícil pra ela também, mas ela continuava porque amava a mãe. Eu não amava a minha avó? Eu não a amo? Todos os dias eu pensava nisso e as noites também...
É engraçado como o tempo não passa, mas graças aos céus minha avó foi liberada na segunda feira - enquanto era pra ser no domingo, meu sofrimento poderia ter sido diminuído! Mas no sábado nenhum médico, NENHUM MÉDICO foi vê-la e realizar uns exames, então ela teve que ficar o domingo pra fazê-los. Viemos pra casa, finalmente. Demorou quase que a semana inteira para as dores sumirem, mas outra dor continua aí: um novo pesadelo pra minha lista. Agora me encontro num hospital, perdida tentando encontrar o leito da minha avó, passando de quartos em quartos, quebrando algumas paredes até, e encontrando pessoas apavorantes. Outro dia até sonhei que era um hospital e uma escola ao mesmo tempo (a minha antiga, o Tiradentes), e os professores não me deixariam entrar na sala porque me atrasei no quarto da minha avó. Eu procurava por alguém que me desse uma declaração pra poder entrar, mas não tinha ninguém. Eu chorei nesse sonho, haha.
Não tem sido menos difícil, mas pelo menos tenho minha cama. Estou na minha casa. Agora tenho que limpá-la e fazer comida. A partir de semana que vem dia sim dia não eu vou ter que dar banho nela. Não estou entusiasmada. E me sinto culpada. Muito.
PS: Minha avó foi internada dia 8 e liberada no dia 19. No dia 28 voltamos ao hospital pra retirar os pontos.
PPS: No mundo de Divergente, de Veronica Roth, a cidade de Chicago futurista e aos pedaços é dividida em cinco facções: Amizade, aqueles que culpavam a agressividade pela causa dos problemas do mundo. Franqueza, os sempre sinceros mesmo que doa, que culpavam a mentira e a duplicidade; Audácia, os que culpavam a covardia; Erudição, que culpavam a ignorância e Abnegação, altruístas, que culpavam o egoísmo. Os membros da Abnegação vestem cinza e roupas iguais, não usando coisas que evidenciem o corpo ou mostrem-no. Não tem espelhos em casa (apenas um e só podem se ver nele uma vez a cada três meses, quando é o dia de cortar o cabelo), entre outras coisas. Eu jamais faria parte deles.
PPPS: Pett, se você ler isso, sinto muito. E apesar do meu "sofrimento", eu jamais teria coragem de te pedir pra ficar lá.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
2013
Tinha pensado também em escrever no último dia do ano. Mas como escrever sobre meu ano sendo que ele ainda não havia acabado? Muita coisa poderia acontecer... Mas é claro que não aconteceu.
No dia da estreia de Catching Fire, quando estava na fila do refrigerante+pipoca com meus amigos, lembro de estarmos conversando sobre se o ano valeu a pena, se foi bom, se foi ruim.
- Hm, 2013 foi bom porque o Cruzeiro foi campeão brasileiro e Catching Fire tá estreando.Então é por isso que nesse momento me encontro vasculhando meu blog e facebook em busca de memórias perdidas. Ou algo assim.
- Nossa, só coisa que aconteceu no final. Não fosse por isso teria sido uma merda, né?
- Uh, é, acho que sim.