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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Mãe,

Mãe,
como foi quando seu
cérebro se tornou canibal? Quando
a sua mente começou a ingerir a si mesma
seu cérebro voraz, e todos os seus
pensamentos de repente tinham dentes?

Mãe,
como foi quando você perdeu
a sua sombra? Ela se embrulhou
em uma mala e deixou você para criar
os seus demônios sozinha? Você esqueceu
a forma da sua própria silhueta?

Mãe,
o espelho começou a te contar mentiras?
você olhou no vidro e viu
coragem e glória e sua própria mão
segurando o coração como um troféu? Foi
uma vitória ou um prêmio de consolação?

Mãe,
a noite você transformou a sua cama em
um campo de batalha? Você brandiu a sua
insonia como uma arma ou você
acenou seu lençol como uma bandeira branca
de rendição e se tornou vítima da guerra?

Mamãe,
por favor, quando o papai te segurou foi
como se uma guilhotina afagasse o seu pescoço?
os dedos dele foram como facas tentando
abrir a sua pele como um vestidinho preto?
você amou o seu marido ou a sua arma?

Mamãe,
por favor, eu tenho os seus olhos e eu tenho a sua
mente e quando eu me balanço como uma folha é o seu
fantasma tentando me ninar até dormir? É você
a canção de ninar na minha cabeça ou eu só preciso
aumentar a minha dosagem de novo?

Mamãezinha,
se eu seguir os seus passos, você teria
um quarto esperando por mim? Você me colocaria
na cama e beijaria a minha testa e me diria
que monstros são de livros de histórias e não
para garotinhos tentando uivar para a lua?

Mamãezinha... Você vai costurar a minha alma junta de novo?


 Mãe?, S.N. Fonte.

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