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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Bowie

Como sempre, eu não sei como iniciar o meu texto  e dessa vez chega a ser um bocado mais difícil, até porque esse não é exatamente um tributo, uma homenagem, ou o que for. Acredito que este seja mais um post contemplando a morte.
Toda vez que uma pessoa famosa morre temos sempre aquelas pessoas que agem como se fosse o fim do mundo e aquelas que agem até como se fosse um insulto alguém ficar remotamente chateado pelo fato. Como para todos os outros assuntos, geralmente estes últimos são aqueles que postam comentários maldosos e afins. Acho que talvez voltarei nesse tópico mais adiante.
Uma das coisas mais chocantes da morte de uma celebridade é, talvez, o lembrete de que eles são humanos também e, como humanos, eles morrem. E com esse choque vem a contemplação da nossa própria mortalidade, e para alguns pode ser o primeiro encontro com a morte, caso nunca tenham tido algum parente querido que tenha morrido.
Pessoas comuns morrem todos os dias, vi uma pessoa comentando. É verdade. Mas em relação a isso eu acho que tem uma diferença  ou não sei bem se é uma diferença, e não sei se a minha linha de pensamento é compreensível (quase nunca o é para outras pessoas), mas na minha percepção as pessoas públicas de quem nós gostamos, nos identificamos, começam a fazer parte de nossas vidas às vezes de uma forma que até uma pessoa que vive próxima de nós não o faz. Conheço pessoas que não tem conexão nenhuma com os próprios parentes e não poderiam ligar menos caso aconteça algo com eles, mas se alguém com quem se identificam morrer, aí sim seria sentido. A pessoa pode não nos conhecer, mas nós o conhecemos. De alguma forma isso parece bastar, porque alguns trabalhos realmente salvam vidas. Seja uma música, um filme, livro, desenho, pintura.
Não sou hipócrita a ponto de dizer que sou fã de carteirinha do David Bowie. Não conhecia o trabalho completo dele, conhecia bem pouquinho, mas o admirava. Ele foi uma pessoa fantástica, à frente de seu tempo; e mesmo que ELE nunca tenha ME conhecido, fico feliz por saber que vivi na mesma época em que ele também esteve vivo.