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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A fênix

“Eu tenho um fascínio enorme pelo conto da fênix: uma criatura magnífica, pássaro de fogo, vistosa e forte. Renasce das cinzas. 
Recordei-me então de todos os lugares que passei, de todos os gostos que senti e de todas as pessoas que amei. Da mesma forma que a fênix, já fui novo, ansioso para mostrar ao mundo minha maestria. Também já fui vistoso e viril, prefiro pensar que era até mesmo majestoso, tinha força inigualável para enfrentar qualquer obstáculo que se opusesse à mim. 
Mas a parte mais incrível do tempo de vida que tenho é lembrar exatamente daquele crucial e espantoso momento onde eu, prosseguindo em uma analogia com o conto da fênix, fui envolvido por fogo. Fui abrasado, enfrentado, oprimido pela dor e pela tristeza e abandonar uma vida que conhecia tão bem.
As cinzas que envolviam minha nova vida eram todas essas coisas que vivi, e talvez a melhor decisão que eu tomei foi deixar que essas cinzas do passado se esvaíssem com o vento. O novo, agora renascido, estava totalmente pronto para viver uma nova vida, tudo de novo, porém diferente.
Acredito que essa seja a grande dádiva da vida: assim como a fênix, nós somos capazes de renascer e deixar para trás, como cinzas, toda a vida que costumávamos a conhecer. Ressurgir das cinzas. Renascer é nascer de novo, mas não para a antiga realidade, mas para um maravilhoso porvir que será sempre algo melhor para nós. E por mais deslumbrante que nossa vida tenha sido, uma hora estaremos velhos ou inadequados demais para ela, e isso culminará numa explosão que nos dará a chance de viver uma nova vida, criar uma nova realidade e fazer tudo diferente.
Então, que sejamos sempre assim: ajustáveis à mudanças, conscientes de que um amanhã muito mais valoroso aguarda àqueles que abandonarem o que não lhes dá mais sentido e aceitarem mudar sua história.”


Obrigada ao Petterson, por me agraciar com um texto tão bonito.
Obrigada, de todo coração.

Literário Expresso 1

Pegue o livro mais próximo e siga as seguintes instruções:

Abra na página 181;
Procure a 5ª frase completa;
Não escolha a melhor frase ou o melhor livro;
Poste o trecho.
“Teria sido aquele obscuro sentimento de arruinada graça que teria feito ele, tão repentinamente, e quase sem propósito, dar expressão, no estúdio de Basil Hallward, àquele pedido insano que tanto mudara sua vida?” – “O Retrato de Dorian Gray”, Oscar Wilde.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A sombra – ou sheut – do ser

Hoje eu fiz uma descoberta incrível e, como todas as minhas descobertas incríveis, esta também é completamente inútil. Minha recém descoberta se relaciona à uma expressão que as pessoas usam bastante para descrever alguém que é ofuscado por outra pessoa, quando dizem, por exemplo, que alguém vive sob a sombra do irmão ou do pai. Esse é o momento que você fecha a aba do blog ou volta para onde quer que você tenha vindo. Ou ambos.
Pronto, se vai continuar, já lhe digo que na verdade eu não tenho certeza se é daí que veio de verdade, mas eu relacionei à isso e vai ser assim pra sempre. Vem da cultura egípcia.
Para os egípcios antigos, a alma era dividida em cinco partes fundamentais para a existência do ser. As partes eram o Ren, o Ba, o Ka, o Ib e o Sheut.


O Ren era o nome, o Ba era a personalidade, o Ka era a força vital, o Ib era o coração e o Sheut era a sombra.

O sheut era importante porque eles acreditavam conter algo da pessoa. Além de ser uma cópia dela, acho que eles pensavam fazer parte da alma porque estava sempre com ela, querendo ou não. A sombra era também creditada a ser a marca que a pessoa deixava no mundo: se não tinha sombra, não tinha efeito algum no mundo e, sendo assim, não existiria. Inclusive a palavra sheut significava tanto sombra quanto estátua. Afinal a estátua é uma cópia, podendo ser maior ou menor, igual à sombra.

Por isso quando alguém diz que uma pessoa está sempre sob a sombra de outra, assumi que está sendo sempre ofuscado pela grandeza desse outro alguém. Como alguns famosos que tem pais ainda mais famosos ou mesmo pessoas comuns.


Já eu pretendo deixar uma grande marca no mundo. Terei um sheut e tanto.
Beijos,
Jay.

domingo, 21 de outubro de 2012

Amadurecimento

Ao entrar no blog, um susto: bastante coisa mudou e outras sumiram. O layout um pouco mais simples – apesar de que eu ainda vá arrumar direito o rolamento e também o título – e o mais impactante: todos os posts anteriores a 2012 sumiram. Deixei apenas uns que eu havia me apegado mais, o desafio de Jogos Vorazes e os posts da sérieo que o tédio faz, porque são retardados, mas eu adorei fazê-los e deram trabalho.

Mas porque fiz isso? É, eu realmente devo uma explicação.
Algum tempo atrás me lembro de ter repreendido um amigo por ele ter apagado todas as postagens antigas de seu blog porque ele queria recomeçar. Eu atestei que era bobagem, que ele poderia muito bem continuar de onde estava, porque os posts antigos representavam quem ele era, o quanto ele mudou. Disse que em três anos de blog eu nunca havia pensado em apagar os antigos porque era bom relembrar o que eu sentia, ver minha progressão. Disse que os posts antigos eram sua identidade.
Se os posts antigos são a minha identidade é agora que me encontro com vergonha da minha foto, do meu nome completo, dos nomes dos meus pais ou da minha idade.

Li alguns posts antigos e não consegui me aguentar de desgosto, vergonha e decepção com o que eu era e com muita coisa que escrevi. Eu já escrevo coisas inúteis normalmente, eu reconheço, mas ver que existe algo que extrapola as barreiras da inutilidade, babaquice e ridículo é desconfortante. Por isso decidi apagar tudo, sem dó ou piedade. Pode ter sido crucial essa coisa de deixar pra trás acontecimentos e fatos aleatórios, pode vir a ser um ganho pessoal imenso. Mais uma chance de crescer.


Beijos,
Jay.