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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Inesperado

Um susto. Um grande susto. Um imenso, grande, enorme, massivo susto. Um incrivelmente enor... Tá, acho que já está mais do que entendido, compreendido e computado que algo inesperado aconteceu.


Nessa segunda-feira, dia 10 de junho, recebi um telefonema cuja pessoa do outro lado da linha era uma das últimas que eu esperaria atender. Meu irmão. Pra mim era mais fácil Harry Styles me surpreender com uma ligaçãozinha marota me chamando pra sair do que meu irmãozinho, ainda mais pelo motivo “Queria ouvir sua voz. Quando atendi a ligação de um número estranho, perdi meu chão quando ouvi Tuane, é o Júnior!. Na minha cabeça fiquei muda pelo que pareceu ser uma eternidade para mim, mas que na realidade não houve mais do que no máximo 5 segundos de silêncio.
Depois de recuperada (aliás, acho que ainda agora não me recuperei), engatamos uma conversa. Ele me contou que agora não faz mais tanta bagunça na escola, o que duvido, rs. Perguntei-lhe sobre a Belinha (nossa vira-lata Bellatrix) e ele me contou que ela morreu. É até algo que eu já imaginava, já que quando ela ainda estava aqui eu notei que uma de suas tetas estava de um tom mais claro, maior e granulosa. Não sou médica ou veterinária, mas suspeitei que fosse algo grave, apesar de ninguém me dar ouvidos... Ele então me contou que depois dela, ele teve mais outros dois cães. Um que morreu e eu não lembro o motivo e um outro que teve que ser sacrificado. Em suas palavras: Ele me amava e eu amava ele. Aparentemente esse último cachorro ocasionalmente ficava com as quatro patas paralisadas, sem conseguir se levantar ou andar. Diz ele que de vez em quando ele recuperava os movimentos, brincava e corria com ele. Disse também que seu tempo resumia-se apenas a fazer para casa e brincar com ele. Depois de um tempo passamos a falar sobre Pokémon e então a ligação caiu. Ficamos uns 14 minutos conversando.

E agora?, pensei. Ainda não havia absorvido a ideia de que havia acabado de conversar pelo telefone com meu irmão. E por quase 15 minutos! Nos últimos dois anos sabe quanto tempo eu passei com ele? Quanto tempo conversei com ele? Nos nossos três encontros desde que eles foram embora, soma-se todos eles e ainda não bate a marca de quanto tempo conversamos pelo telefone dessa vez. Mas então, o que eu faria em seguida? Pensei em ligar de volta. Mas não, melhor não. Talvez esse fosse o número da mãe ou do pai, ou talvez fosse o número de alguma outra pessoa. Ele me ligou, é verdade, mas quem disse que eu poderia ligar? E se ele tivesse ligado escondido? Pensei em mandar uma mensagem. Digitei “aconteceu alguma coisa? e fiquei olhando para a tela por algum tempo, sem coragem de enviar, sem saber se podia. Pensei em deixar pra lá. Talvez isso nem tivesse acontecido. Poderia ter sido um delírio? Não sei, eu nunca havia chegado a esse ponto, mas era uma possibilidade. Mas não, não foi dessa vez que dei uma de Rick Grimes.
Passado mais alguns segundos, não menos do que 60, não mais do que 300, ele me liga de novo. A cobrar dessa vez. Pensei então que essa era a deixa que eu precisava, de que eu não só poderia como deveria ligar de volta. Seus créditos haviam acabado e aquele número era dele. Tentei fazer uma brincadeira sobre o quanto ele parecia estar importante e chique tendo seu próprio celular, mas tudo me parecia tão estranho e falso. Perdemos toda a intimidade. Dividimos o mesmo sobrenome, o mesmo pai; mas não dividíamos mais a cumplicidade, aquela parceria e carinho de irmão/irmã Perdemos aquilo que levamos tanto tempo para construir. É uma das coisas que me deixa arrasada, inclusive. Ele me perguntou se eu tinha algum número da Oi ou da Tim para podermos nos falar mais livremente e apesar de eu lhe dizer que poderia ligar do meu número Vivo sem problemas (no final teria problemas sim, alterações bem grandinhas na minha conta, rs. Mas não me importei muito, na verdade). Ele disse então que ligaria no celular da minha prima, que possui dois números, um deles Tim. Não conversamos muito nessa segunda vez porque uma briga acabou por começar. Mas isso aí já é outra história, uma que não vale a pena comentar e nem mesmo lembrar.

No dia seguinte recebo mensagens de um outro número desconhecido dizendo para eu ligar também, depois pedindo desculpas por não ter podido ligar novamente. Na quarta recebo mais um Tuane liga para mim também. Liguei. Ele me diz que a mãe comprou um chip da Vivo pra ele. Logo percebo que ele está conversando comigo ao invés de almoçar, então o deixo ir. Não conversamos mais porque estava indo para o curso, logo, não poderíamos papear mais.


E agora? Continuo nessa mesma ainda. O que diabos aconteceu? Ainda espero a qualquer momento surgir o Sérgio Mallandro, o Ashton Kutcher, a Miley Cyrus, todo mundo brotando me dizendo que foi tudo uma pegadinha, que nada disso aconteceu de verdade OU QUE ALGUÉM ME EXPLIQUE O QUE TÁ ACONTECENDO. SÉRIO MESMO. O menino me liga, a mãe dele compra um chip da Vivo... Oi? Gente, masoq? Isso não se faz! Socorro, o que está acontecendo!?

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Minha ligação com os livros e minha relação nada saudável com eles

Título imenso, mas não tinha como encurtar (tinha sim, só não quis, rs). Amo livros. Amo ler. Sempre gostei, desde que aprendi - e antes disso também. Quer me deixar feliz é me levar numa Leitura, Fnac ou Saraiva (essa última até que nem tanto, já que é muito difícil eu ir no Diamond Mall que é o único lugar que há uma), e quer me deixar ainda mais feliz é poder comprar algum livro ou mais. Quer me deixar em estado de êxtase, sentindo como se tivesse alcançado o nirvana? Me dê crédito infinito para poder gastar nesses lugares. Um orgasmo deve ser tipo isso, imagino. Mas ó, só de poder passear livremente por entre as estandes e corredores de livros, podendo vê-los, pegá-los, senti-los, conhecê-los e admirá-los já me deixa feliz.

Mas vai além disso. Pra mim um bom livro não é apenas aquele que você chora ou, como já vi em uma tirinha, não é aquele que você para vez ou outra pra dizer fuuuuuuuck. Até porque já chorei com livros que não gostei, assim como já parei incrédula com algo que aconteceu em um que eu, obviamente, acabei por não gostar depois. E claro também que há aqueles que eu faço tudo isso e um pouco mais e os amo, rs. Mas sinceramente? Não sei dizer qual é a fórmula pra me fazer não gostar de um livro ou o que me faz gostar dele e mais, o que me faz amá-lo. Às vezes simplesmente não acontece, é tipo... Química. Não rola química entre o livro e eu. Exemplos de livros que não gostei são Depois Daquela Viagem, de Valeria Piassa Polizzi e a série Fallen, de Lauren Kate.

Quando começo a ler um livro, nem sempre também a química é imediata. Às vezes demoramos a nos conectar; mas uma vez dentro da história me torno outra pessoa. Não sou mais Tuane Jade, mas sim uma personagem, seja o principal ou alguém muito próximo que o ama e o quer bem, que teme por sua vida, por seus objetivos, por seus sonhos. Por isso sofro. A cada perda, a cada desilusão, cada decepção, sinto como se fosse minha. Uma vez após terminar um livro me senti tão atingida, revoltada, injuriada, frustrada; que na época passei a sessão inteira de terapia falando apenas sobre isso com a psicóloga. Não só com ela, mas com todo mundo, rs. E não conseguia formar frases inteligíveis, apenas resmungava e quando começava a falar coisa com coisa, não conseguia mais e só saía "não, vei. Não. Simplesmente não. Ah nem. Não, vei. Não. Não. Não, não, não". Tipo assim.

Geralmente quando termino de ler um livro não tenho uma noite inteira de sono. Não consigo dormir apenas pensando e raciocinando sobre aquilo que li, imaginando finais alternativos, o que teria acontecido caso tal coisa não acontecesse, o que acontecia antes de a história do livro começar, e afins. Também penso em como aquilo me atingiu. Como exemplo, temos a trilogia de Jogos Vorazes. Passei a noite inteira chorando, desde que terminei a leitura. Ainda hoje lembro de algum acontecimento e tenho uma vontade imensa de chorar (já aconteceu no ônibus hauahuahauha sério! Do nada lembrei de uma personagem, de sua trajetória e de seu final) e às vezes me permito fazê-lo. Choro pelos acontecimentos, pelos personagens, por seus destinos. Muitas vezes meu pesar vem porque eles não tiveram a oportunidade de ter um futuro. Sim, penso tudo isso em relação à personagens de livros. Pra mim eles se tornam pessoas reais, meus amigos, minha família; se tornam parte de mim. E os amo de todo meu coração.

Esse dia dos namorados dedico à mim e aos meus livros, com quem tenho um relacionamento mais do que sério e se existisse alguma coisa mais do eterna, seria meu amor por eles. Meus lindos, amo vocês! (mesmo que vocês me machuquem e me deixem perturbada, arrasada pelo resto da vida).

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Meu primeiro pai

Se estivesse vivo hoje meu avô paterno estaria completando 82 anos de idade. Falecido há 14 anos, sinto muito em dizer que não tenho muitas lembranças dele; mas as histórias que ouço sobre grande parte de sua vida  como seu relacionamento com minha avó e filhos  me deixam estupefata, pois em nenhuma delas consigo identificar o homem que conheci. Histórias antigas mostram como ele não tinha problema algum em humilhar a esposa ou os filhos, como era de certa forma maldoso e como parecia mais disposto a ajudar os amigos e conhecidos do que a própria família; de forma alguma parecido com o senhor carinhoso, que me chamava de linda, que me trazia caramelos todos os dias. O mesmo que me levava sempre a uma mini-praça (que aliás, nem deveria chamá-la assim, apesar de que se não chamar de praça, como a definirei? Não tenho ideia do que era) porque eu adorava escalar uma pedra imensa e me sentir como se fosse a dona do mundo, do alto dela.

Talvez a idade o tenha mudado. Talvez meu nascimento o tenha mudado. Gosto de pensar que tenha sido esse o motivo e também fico satisfeita por outras pessoas pensarem da mesma maneira. Apesar de, como eu disse anteriormente, ele ter se tornado uma outra pessoa quando nasci, não muda o passado e as lembranças de que nem sempre ele foi assim. Ainda hoje eu não sei se tenho  ou mesmo se seria capaz  de formar uma opinião sobre isso e sobre ele, mas sei que não vou, não posso e nem deveria classificá-lo como algo em particular. Afinal, quem sou para isso? Quem sou eu pra dizer se ele foi uma pessoa boa ou uma pessoa ruim? Até porque não acho que existam pessoas inteiramente boas e/ou pessoas inteiramente ruins. Todo bem há um pouco de mal e vice versa.

Não tenho muitas lembranças dele e nem ao menos me lembro de sua voz (algo que lamento), mas foi incrivelmente especial para mim. Por cinco anos ele foi meu pai  e por muito tempo foi ele o único a quem eu conseguia me referir e chamar de pai. Aliás, não o chamava apenas de pai, mas sempre de papai. Também o homenageei colocando seu nome  João  no meu cachorro (qual é, eu tinha cinco anos!), meu primeiro, um poodle preto que tinha uma adorável mancha branca como se fosse um cavanhaque e uma outra no peito, como se fosse uma gravata. Apesar dos pesares é com alegria que digo que não importa o que tenha acontecido no passado, ele ainda é lembrado, e com carinho. Papai, amo você!

R.I.P.
João P. da Costa
★ 07/06/1931
✝ 19/06/1999