Talvez a idade o tenha mudado. Talvez meu nascimento o tenha mudado. Gosto de pensar que tenha sido esse o motivo e também fico satisfeita por outras pessoas pensarem da mesma maneira. Apesar de, como eu disse anteriormente, ele ter se tornado uma outra pessoa quando nasci, não muda o passado e as lembranças de que nem sempre ele foi assim. Ainda hoje eu não sei se tenho – ou mesmo se seria capaz – de formar uma opinião sobre isso e sobre ele, mas sei que não vou, não posso e nem deveria classificá-lo como algo em particular. Afinal, quem sou para isso? Quem sou eu pra dizer se ele foi uma pessoa boa ou uma pessoa ruim? Até porque não acho que existam pessoas inteiramente boas e/ou pessoas inteiramente ruins. Todo bem há um pouco de mal e vice versa.
Não tenho muitas lembranças dele e nem ao menos me lembro de sua voz (algo que lamento), mas foi incrivelmente especial para mim. Por cinco anos ele foi meu pai – e por muito tempo foi ele o único a quem eu conseguia me referir e chamar de pai. Aliás, não o chamava apenas de pai, mas sempre de papai. Também o homenageei colocando seu nome – João – no meu cachorro (qual é, eu tinha cinco anos!), meu primeiro, um poodle preto que tinha uma adorável mancha branca como se fosse um cavanhaque e uma outra no peito, como se fosse uma gravata. Apesar dos pesares é com alegria que digo que não importa o que tenha acontecido no passado, ele ainda é lembrado, e com carinho. Papai, amo você!
R.I.P.
João P. da Costa
★ 07/06/1931
✝ 19/06/1999
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